segunda-feira, 16 de julho de 2018

ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA SÍNDROME DE DOWN



ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NA SÍNDROME DE DOWN



·       CONCEITO:

“A síndrome de Down (SD) ou trissomia do cromossomo 21 é uma condição humana geneticamente determinada; e a principal causa de deficiência intelectual. O termo “síndrome” significa um conjunto de sinais e sintomas e “Down” o nome do médico e pesquisador que primeiro os descreveu. Síndrome de Down significa, portanto, o conjunto de sinais e sintomas descritos por John Langdon Down, em 1866, cuja etiologia foi elucidada por Jerome Lejeune em 1959, como trissomia do cromossomo 21.1-3 Compreendida como uma condição humana a SD em si não é uma doença, mas sim um modo de estar no mundo, próprio da diversidade humana, que pode estar associado a maior incidência de algumas patologias.1 Assim, as pessoas com SD, apresentam diferenças tanto de características físicas quanto de desenvolvimento, que decorrem de aspectos genéticos individuais, intercorrências clinicas, nutrição, estimulação, experiência educacional, contexto familiar e social e do meio ambiente em que estão inseridos. Apesar dessas diferenças, há um consenso da comunidade científica de não se atribuir graus à SD; portanto, não é correto afirmar que uma pessoa tem um grau leve de SD, porque a expressão de suas características externas é pequena ou porque seu desenvolvimento é bom.”1




  • IMPORTÂNCIA DA INTERVENÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NOS INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN:

A Síndrome de Down (SD) é uma condição genética reconhecida desde 1886, que constitui, por excelência, uma das causas mais frequentes de deficiência intelectual. Apresenta uma série de características que envolvem, além do desenvolvimento cognitivo, questões relacionadas à comunicação humana, que, naturalmente, se constitui objeto de estudo e atuação da Fonoaudiologia.
São vários os aspectos clínicos que justificam a atuação fonoaudiológica na SD:
·       Cavidade oral de tamanho reduzido;
·       Hipotonia dos músculos orais;
·       Projeção mandibular e da língua;
·       Alterações na arcada dentária;
·       Respiração oral;
·       Perdas auditivas;
·       Atraso global do desenvolvimento (com comprometimentos motores, linguísticos e cognitivos).3


Todas essas características somadas à deficiência intelectual dificultam o desenvolvimento da linguagem e interferem, sobremaneira, na produção da fala.
 





Tendo em vista a diversidade da problemática que envolve pacientes com a SD, faz-se necessário que pais e profissionais de saúde atuam com atenção em bebês e crianças, a fim de proporcionar ganhos significativos durante o seu desenvolvimento, tanto em nível orgânico e fisiológico, quanto cognitivo.
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  • ESTIMULAÇÃO PRECOCE:

Esses comprometimentos, apesar de previsíveis, podem ser minimizados através da “estimulação precoce”. O termo “precoce”, nesse caso está sendo utilizado para adjetivar ações antecipadas, tendentes a evitar, atenuar ou compensar déficits ou suas consequências. Nesse sentido, a estimulação precoce refere-se a um conjunto dinâmico de atividades e recursos, humanos ou ambientais, incentivadores, que são destinados a proporcionar à criança, nos primeiros anos de vida, experiências significativas para que possa alcançar êxito em seu processo evolutivo. Assim, a participação de crianças com SD em processos terapêuticos desde a tenra infância, produz resultados notórios e satisfatórios, principalmente quando a família pode usufruir de orientações que favorecerão o desenvolvimento da criança. Dessa forma, o objetivo dessa postagem é orientar as famílias e divulgar as contribuições da Fonoaudiologia na SD.3
Vale a pena ressaltar que as crianças com SD apresentam deficiência primária devido à trissomia no cromossomo 21, mas como qualquer ser humano tem a plasticidade do sistema psiconeurológico. Trata-se da capacidade adaptativa do sistema nervoso central em promover habilidades para modificar e adequar sua organização estrutural e funcional de acordo com as particularidades de cada pessoa. Graças a essa condição inerente ao ser humano, o processo de (re)habilitação é possível e torna-se uma ferramenta importante para o desenvolvimento de estratégias fonoaudiológicas.
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  • ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA NAS ALTERAÇÕES MIOFUNCIONAIS OROFACIAS NA SÍNDROME DE DOWN:

Para amenizar ao máximo as alterações miofuncionais orofaciais, é necessário o acompanhamento fonoaudiológico, cujo objetivo é orientar, avaliar, restabelecer ou adequar das funções estomatoglossognáticas (respiração, sucção, mastigação, deglutição e fala). Para adequar essas funções, é importante adequar, também, os órgãos fonoarticulatórios, quanto à tonicidade, à mobilidade e à postura de repouso, principalmente de bochechas, língua e lábios, que podem ser trabalhados desde a fase imediatamente após o nascimento.
As modificações do sistema estomatoglossognático impostas pela SD podem modificar o processo típico de coordenação e funcionamento da sucção-deglutição-respiração, dificultando a amamentação. É importante a presença de um profissional acompanhando as primeiras mamadas para que as dúvidas sejam sanadas e alterações corrigidas, adaptando mãe e bebê para o melhor desenvolvimento possível. A avaliação fonoaudiológica miofuncional deve observar a sucção, mastigação, deglutição, respiração, fonação e fala, considerando:
• Tipo de administração alimentar: aleitamento materno no peito, uso de mamadeira; via oral, sonda nasográstrica, sonda orogástrica.
• Posicionamento durante as refeições.
• Dificuldade nas funções alimentares: sugar, sorver, amassar, mascar, mastigar e deglutir.
• Sinais clínicos: tosse, sudorese, dispneia, apneia, recusa, engasgos, doença de refluxo gastroesofágico, sonolência.
• Tipos de alimentos oferecidos: líquidos, pastosos e sólidos.
• Sucção não nutritiva: presente com chupeta e/ou com sucção digital.
• Tipo de respiração: oral, nasal, mista.
• Tipo de utensílio utilizado para apresentação do alimento.
• Nível de dependência e mobiliários utilizados e se tem necessidade de adaptações.


  • ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM AUDIOLOGIA NA SÍNDROME DE DOWN:

A perda auditiva na SD geralmente ocorre devido a alterações anatômicas. Normalmente, o tipo de perda é condutiva, gerada por otite média. Tal quadro se instala em razão de diferentes fatores, como: hipotonia muscular verificada na região de cabeça e pescoço e, por consequência, dificuldade de eliminação de fluídos; malformação da tuba auditiva; hipoplasia da mastoide e diminuição do canal auditivo externo.
A avaliação audiológica em indivíduos com SD é fundamental, visto que a incidência de perdas auditivas nessa população é elevada. Investigar como estão as estruturas auditivas é de suma importância, pois a perda auditiva, principalmente nos primeiros anos de vida, irá influenciar sobremaneira na recepção auditiva das estimulações recebidas, que por sua vez é essencial para o desenvolvimento da linguagem. A identificação precoce de perdas auditivas (condutiva, sensorioneural coclear ou retrococlear) e alterações na percepção auditiva possibilita uma intervenção imediata, oferecendo condições para o desenvolvimento da fala, da linguagem, da sociabilidade, do psiquismo e do processo educacional da criança, permitindo prognósticos mais favoráveis nesses campos.3


  • ATUAÇÃO FONOAUDIOLÓGICA EM LINGUAGEM NA SÍNDROME DE DOWN:

Geralmente, as crianças com SD seguem a mesma sequência e passam pelos mesmos marcos de desenvolvimento de crianças sem a síndrome, entretanto pode haver diferenças quanto ao ritmo em que esses marcos são alcançados, sendo eles mais lentos. Desse modo, é importante que a família busque precocemente um acompanhamento interdisciplinar, entre eles o fonoaudiológico, a fim de estimular os potenciais do indivíduo e diminuir as implicações provocadas pela síndrome no desenvolvimento da criança.
Um dos principais comprometimentos provocados pela SD é o atraso no processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem das crianças, que pode estar relacionado ao déficit cognitivo, em especial a dificuldades na memória de curto prazo; a prejuízos na qualidade da interação mãe-bebê; as alterações do sistema estomatoglossognático; ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; as alterações neurológicas, auditivas e visuais.
Essa gama de distintas dificuldades faz com que as crianças com SD aprendam novas palavras e expandam seu vocabulário mais lentamente do que crianças com desenvolvimento típico da linguagem, além de apresentar dificuldades na inteligibilidade da fala e problemas fonológicos e articulatórios.
No processo de aquisição da linguagem, as crianças com SD apresentam preferência pelo uso de produções gestuais (ou a associação dessa com a fala).
Os gestos de apontar são importantes para a aquisição da linguagem, pois fundamentam a atenção conjunta, servem como um gatilho para a interação e facilitam o desenvolvimento das primeiras palavras e, em seguida, a combinação de palavras pela criança.
Além disso, para as crianças com SD, os gestos favorecem a ampliação do vocabulário. Eles parecem constituir um meio para o aprendizado de novos significados, dando à criança a possibilidade de praticar a comunicação desses novos significados, de forma a prepara-la para expressá-los posteriormente por produções verbais. A integração entre gestos e as produções vocais favorece a aquisição da linguagem da criança com SD, pois eles interagem e se aprimoram durante a produção linguística e troca comunicativa, assim como auxilia na construção de referências e do simbolismo.3
A terapia fonoaudiológica para estimulação da linguagem voltada à criança com SD tem como objetivo tornar mais eficiente ou ampliar suas possibilidades de expressão (fala, gestos, expressões faciais, uso de alternativas de comunicação), enriquecer o seu ambiente linguístico e favorecer a compreensão da linguagem. Deve ainda abranger situações comunicativas da criança em diversos contextos e proporcionar uma participação mais ativa nas interações sociais, uma vez que é na interação e mediação que o ser humano constitui formas de expressão, compreensão e ação no mundo. 



  • ATUAÇÃO FONOADIOLÓGICA NA APRAXIA DA FALA NA INFÂNCIA:
A apraxia de fala na infância pode ser definida como um distúrbio motor da fala (neurológico), que afeta a habilidade da criança em produzir e sequencializar os sons da fala.
A criança tem ideia do que quer comunicar, mas seu cérebro falha ao planejar e programar a sequência de movimentos/gestos dos órgãos fonoarticulatórios, para produzir sons, sílabas, palavras e frases. Quanto mais extensa a palavra, maior a dificuldade.
Uma característica observada nas crianças pequenas, é que sua fala é muito limitada, com pobre repertório de palavras e/ou apresentam fala ininteligível (difícil compreensão).2
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para avaliar, diagnosticar e determinar o plano de tratamento na apraxia de fala na infância (AFI).2
As principais características observadas apraxia da fala em crianças com SD são:

  •  Inconsistência na produção dos sons da fala;
  • Diminuição da inteligibilidade da fala à medida em que o comprimento do enunciado aumenta (palavras e frases mais extensas);
  • Repertório limitado de fonemas da língua;
  • Dificuldade na combinação e sequencialização dos sons;
  • Troca de sons ou sílabas dentro de uma palavra (ex.: em vez de “verde”, o sujeito fala “vrede”);
  • Habilidade para realizar movimentos voluntários de fala comprometida;
  • Comprometimento do ritmo da fala;
  •   Imitação de fala deficiente; com mais erros do que a fala espontânea;
  •  As alterações de fala mais comuns são as substituições de sons, seguidas das omissões, inversões, adições, repetições, distorções e prolongamentos dos fonemas;
·        Os erros na fala aumentam à medida que aumenta a complexidade do ajuste motor exigido: as vogais provocam menos erros que as consoantes isoladas; os fonemas fricativos são os que provocam mais erros; as produções mais difíceis são as sílabas constituídas por grupos consonantais; a consoante inicial apresenta uma maior inconsistência de erros e esses aumentam à medida que aumenta o comprimento da palavra.3

  •  ONDE ENCONTRAR ATENDIMENTO FONOAUDIOLÓGICO PARA INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN:
o   DISTRITO FEDERAL – BRASÍLIA – ÁGUAS CLARAS
Fga. Danielle Gregório – CRFa.5: 13000
Você pode agendar sua consulta pelo telefone:
📱(61)99660-4202
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FONTES:

1Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

2GIUSTI, E. CUNHA, F. Folder da apraxia-kids.org

3DELGADO, I; et al. Contribuições da Fonoaudiologia na Síndrome de Down. 1. ed. Ribeirão Preto, SP: Booktoy, 2016.



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